A beleza do invisível: Mushishi

“São criaturas que vivem longe. Primitivas e peculiares. São coisas totalmente diferentes de qualquer animal ou planta que conhecemos. Com o passar do tempo, com temor, o homem acabou por chamá-los de Mushi”

Nome: Mushishi e Mushishi Zoku Shou
Temporadas:

- Mushishi: primeira temporada com 26 episódios. 2005.

- Mushishi Especial: Hihamukage: Especial de 40 mins. 2014.

- Mushishi Zoku Shou: Segunda temporada, dividida em duas partes, com 10 episódios cada. 2014.

- Mushishi Zoku Shou Especial: Especial contando episódio 11 e 12 da segunda temporada. 2014.

- Mushishi Zoku Shou: Suzu no Shizuku: Longa metragem encerrando o anime. 2015.

Gênero: Seinen, sobrenatural, drama, fantasia.

Origem: Baseado no mangá já finallizado de Yuki Urushibara.

Estúdio: Artland.

Opening da 1ª temp: https://www.youtube.com/watch?v=4si-j4XmzzU

MAL: http://myanimelist.net/anime/457/Mushishi

Mushis são criaturas entre o real e o sobrenatural, criaturas que estão em contato com a essência da vida e, só algumas pessoas conseguem vê-las. Elas são de diversas formas e estão espalhadas pelo mundo, interagindo com o ambiente e com os humanos, causando diversas conseqüências.
Então, um Mushishi nada mais é do que um ‘especialista’ em lidar com os Mushis. Assim, a história se passa em acompanharmos o Mushishi Ginko em suas viagens, lidando com pessoas que ‘sofrem’ por terem alguma relação desregular com os Mushis.

Mushishi, ah jovens! Que anime criativo, interessante e singular. Ao trazer um enredo com seres que são de uma classe de vida entre o mundo real e o sobrenatural, não há limites para o desenvolvimento do enredo. Alguns Mushis parecem uma planta parasita, que para contê-la é preciso algo simples como água com sal, mas outros são como que deuses, exercendo grande poder sobre a vida de uma pessoa. Somos surpreendidos a cada episódio com a maneira que tudo se liga, sendo um deleite assistir desde o primeiro episódio.

Pela sinopse, você deve ter a impressão que Ginko é só um ‘medico espiritual’, um Dr. House sobrenatural, não é?
Por favor, não se engane. Ginko não só lida com Mushis, mas lida com pessoas e como essas são afetadas emocionalmente pelo que os Mushis causam. Então, Ginko tem que lidar com a maneira com que os seres humanos dão significado aos fatos de suas vidas, como mitos, medos e até a morte.
Assim, em cada episódio nos é apresentado personagens tristes por seus passados, que vivem sob o peso da culpa, pessoas vivendo baseadas em mentiras, pessoas que não querem mais existir, pessoas que vivem felizes em uma ilusão. Portanto, Ginko não só tem que fazer uma poção e pronto, mas tem que lidar com diversas filosofias e modos de viver distintos, curando não só o corpo, mas a alma.

A ambientação sempre mais floral/rural/montanhosa e a trilha sonora zen/oriental são recheios perfeitos ao passarem a concepção do anime. Somado a isso, há um mix de misticismo calmo e afetos essenciais, onde a arte retrata belamente tanto o universo dos Mushis, como os afetos humanos. Apesar de focar nos diálogos, há cenas em que o visual diz tudo.

Toda sua parte técnica se mantém desde a 1ª temporada de 2005, até a 2ª em 2014, sendo que a ultima teve significativas melhorias na arte feitas pelos estúdio Artiland.

E o estúdio mostra respeito pela obra, pois em sua continuação, foi mantido o mesmo staff produtor, onde o anime mantém sua ‘pegada’ em todo episódio, seja na primeira ou na segunda temp.

E que incrível esta pegada é.

Seu tom místico e misterioso que, como uma mãe ao que te poe na cama e te conta uma história, te leva a lugares, momentos e afetos inimagináveis, que podem desde fazer descer lágrimas dos olhos, até socar seu estômago. Mas seja qual sensação for, você sempre se pega deslumbrado no final. Há sempre um show de ‘humanidade’ te esperando em Mushishi.

Ginko como único personagem fixo do anime e protagonista cumpre muito bem seu papel, onde criamos empatia com ele logo no primeiro episódio. Debochado, desencanado, curioso e sua maneira despreocupada de lidar com os Mushis traz um humor agradável ao anime. Ele tem de enfrentar diversos desafios, mas o faz sem nunca subir seu tom de voz e sem nunca largar seu cigarrinho. E quem for esperto começara desde cedo a se perguntar quem realmente é Ginko e sobre seu passado.

Eu poderia passar o dia mencionando cada fato que torna essa anime o clássico que é, mas vou optar em dizer a característica mais marcante nele pra mim, que é sua capacidade de nos emocionar em tão pouco tempo.
Pensem comigo: Há vários animes por aí que precisam de 3 episódios pra mais para começarem a fazer sentido, para começarmos a gostar dos personagens e do enredo, confere?
Mushishi não. Ele consegue ser profundo e trazer histórias complexas e maravilhosas EM CADA EPISÓDIO.
O anime é contado como que em forma de contos diferentes em cada episódio, onde só Ginko é o personagem que está presente em todos. Os outros aparecem em apenas um episódio, e este tempo é o suficiente para o anime engajar uma bela trama, nos emocionando de maneira diferente a cada episódio.
Confesso que me arrependo de não ter visto Mushishi antes. Fui surpreendido ao descobrir um anime sensível, criativo, coeso e com uma facilidade para emocionar como em raros animes eu vi.
Digo sem medo de errar: se você não se emocionar ao vê-lo, você é imune a sentimentos humanos.

Quem deve assistir este anime:
Todos aqueles que buscam algo muito além de uma simples animação.
Para aqueles que apreciam histórias sensíveis, contadas em forma de contos.
Se você se interessa pelo funcionamento humano e por obras sobre a vida, sobre o existir essencialmente, deleite-se com Mushishi.

RESUMO PARA OS PREGUIÇOSOS:
Um Masterpiece.
Belo, calmo, adulto, filosófico-existencial. Mushishi é um anime que surpreende e encanta sem ser espalhafatoso, com sua arte criativa e com sua trilha sonora unica. Com openings lindíssimos (tanto da 1ª quanto da 2ª temporada) e um dos melhores animes pelo MyAnimeList, Mushishi é um anime que traz histórias maravilhosas, ligadas por um personagem cativante e por um enredo que ao falar do invisível e do místico, nos presenteia com contos sensíveis e humanos.

Maravilhoso, como eu nunca vi igual.