Bem vindo ao Queendecim - Death Parade


‘Lembre-se que você morrerá um dia’.

Nome: Death Parade.
Episódios:
- Death Billiards: 1 episódio OVA - 2013;
- Death Parade: Série de 12 episódios – 2015.
Estúdio: Madhouse (Death Note, Claymore, Tokyo Godfathers, Paprika).
Gênero: Sobrenatural, drama, psicológico.
Origem: Obra original de Yuzuru Tachikawa, com seu OVA lançado pelo concurso Anime Mirai 2013.

‘Tin’ (Som de um elevador chegando em seu andar de destino). O elevador se abre e alguém, aparentemente sem memória, é deixado em um lugar luxuoso, recebido por uma bela atendente, que leva esta pessoa a um bar, chamado Queendecim.
Lá, esta pessoa encontra uma outra e um Barman, Decim, que se apresenta e junto de sua assistente, explica a atual situação das pessoas ali presente com 5 afirmações. Dentre elas, que eles não poderão sair dali até terminarem um jogo... jogo este que irão apostar suas vidas.

[PRA QUEM NÃO VIU NEM O OVA, SPOILERS ABAIXO! Pule até a indicação abaixo].
Então, estas duas pessoas terão que jogar um jogo (escolhido aleatoriamente) e na medida que o jogam, não só irão recuperar aos poucos suas memórias, como também se lembrarão do fato que já estão mortas, sendo então este jogo seu julgamento, realizado pelo juiz, o próprio Barman Decim. Assim, no jogo são criadas diversas circunstancias para fazer com que a ‘escuridão das almas’ dos jogadores se revelem, e somando isso, elas irão se deparar com suas lembranças e mortes, sendo aqui suas atitudes que irão definir se elas irão para o Vazio ou para a Reencarnação.
[FIM DOS SPOILERS].

Bem, esta é a premissa apresentada no OVA de 2013, um dos vencedores do concurso Anime Mirai (que a grosso modo é uma competição onde grandes estúdios de animação dão oportunidades para novos artistas apresentarem suas obras). Somada esta premissa e a qualidade impecável, este OVA foi aclamado pela crítica e já fazendo muitos fãs que esperavam ansiosos por uma série, que se passou agora em 2015, com o nome Death Parade. Grandes expectativas aqui. 
Mas afinal, como Death Parade se saiu?

Inesperada e surpreendente, a princípio. Mesmo seguindo na linha do OVA, o universo do anime é expandido e muito mais bem elaborado na nova série. Ora, se tivéssemos somente julgamentos em todo santo episódio, uma hora este anime iria cansar.
Mas não. Death Parade agora irá mostrar os dois lados, não só os dos novos jogos e novas pessoas, mas também novos personagens que conduzem os julgamentos, os bastidores por assim dizer.

Assim, o anime se desenvolve, seguindo sempre duas linhas paralelas:
Por um lado, as pessoas que irão jogar o jogo e seus respectivos julgamentos: suas memórias, suas escolhas, como elas optaram por viver suas vidas. Aqui, somos apresentados de histórias intrigantes, envolventes, ora tensas, ora acalentadoras, nos dando um show de humanidade, ao nos levar de encontro com personagens de fato humanos, com qualidades e defeitos. 
Além disso, que belo trabalho do roteiro, ao desenvolver estas histórias de modo tão ‘conectador’, onde o expectador se percebe diversas vezes diante de situações impactantes, forçando-o a pensar ‘o que eu faria no lugar de tal pessoa?’. Aqui, não me sentia tão instigado com histórias de personagens desde a primeira vez que assisti Mushishi. Que belo trabalho em nos mostrar as diversas faces que um ser humano pode ter.
Ah, suicídio, estupros, violência, traição, assassinatos... Death Parede pega em temas que doem, fique avisado.

E em paralelo, os bastidores dos juízes... e aqui, tão gratificante também.
Neste momento, somos inseridos por uma gama de novos personagens exóticos, que se revelam aos poucos, mas que nos apaixonam quase que de imediato. Seja por Ginti e seu desprezo pelos humanos, seja pela Queen e seu (bom) gosto por bebidas e bom humor, ou por Nona (Diva!), que não só é autoridade neste ‘universo’, como parece planejar algo grande.

Mas de tantos personagens (que poderíamos rasgar elogios por horas por horas), vou me deter a mencionar a fundo dois: Decim e sua Assistente/Kurokami. Que interação deliciosa é a destes dois. Ambos cobertos de mistérios, eles se completam em suas personalidades: A Assistente em trazer o impulsivo, o afeto humano, influenciando Decim em suas decisões. E nosso gentil Barman, que apesar de sua frieza e inexpressividade, revela-se um juiz com diversas dúvidas e indagações, sobre o que é viver, morrer, e como julgar algo assim corretamente.

Com um desenvolvimento de enredo brilhante, DP segue regando estas duas linhas de modo interessante e surpreendente, que apesar de sua estrutura, se reinventa em todo santo episódio, jamais ficando boring ou cansativo. Ele dosa perfeitamente o mistério, o humor, o drama, e vai nos dando diversas pontas soltas, incrivelmente unidas no final.

Vamos dar nomes e devidos méritos aqui: Senhores do Estúdio Madhouse, well done gentleman, well done. O nome do estúdio não é a toa. Loucos! Que loucura ver o tamanho cuidado e capricho com esta obra!

Perdi a conta de em quantos momentos fiquei absurdado com a qualidade técnica presente aqui: nos candelabros do Queendecin, nas expressões dos personagens, nos jogos, no trabalho perfeito dos seiyuus, nos manequins, na ‘sinuca de universo’,no som das fios de Decim. E trilha sonora, casando perfeitamente com a arte, tanto no blues de cabaré, quanto nos momentos de piano ou cello em solo. Tudo isso unido de modo tão sacado, passando a mensagem exata que o anime deseja, seja nas memórias dos personagens, seja na metafórica história de Chavvot, seja naquela opening sensacional (que apesar do drama do anime, expressa exatamente o que tudo isso é na visão do juízes, um simples trabalho, como que uma mera repartição pública), seja ao nos deslumbrar com a provável apresentação de dança do gelo mais bela que eu já vi (que impecável foi, ver uma personagem tão apaixonante com Chiyuki sendo representada ali, sem palavras, somente com sua dança e memórias... belíssimo).

Por tudo isso, com o passar dos episódios, você pode até não se lembrar como chegou ali, mas ali você esta preso e de lá você não sai. Não sai até ver esta obra prima até seu final, ansioso, implicado com os personagens, deslumbrado pela qualidade, e (sem perceber) instigado a refletir sempre sobre sua própria vida.

E por fim, temos o temor de quase todo fã de uma grande obra: o medo de um final de brochante.

O que podemos dizer sem dar spoilers? Dizemos que Death Parade dá uma aula de como deve ser um final de anime. Ele simplesmente é recompensador, fechando uma obra deste calibre de modo digno, dando um perfeito ‘serviço para fãs’, seja pela trilha sonora, seja pelo desfecho do enredo, seja pela mensagem. Emocionante (tirando lágrimas dos menos precavidos), sem ser exagerado ou piegas.

Quem deve assistir este anime:
Os atrevidos. Aqueles que se atrevem a buscar em um anime, algo a mais.
Death Parade é (exatamente aquilo que eu procuro em animes e um dos motivos de eu moderar este projeto) para aqueles que buscam mais que um simples hobbie ou passa-tempo. Ele é para aqueles que anseiam por histórias que os afetem, que os façam entrar em contato com sensações raras, para aqueles que estão abertos a refletirem sobre sua própria vida.

RESUMO PARA OS PREGUIÇOSOS:
Não há adjetivo que consiga definir este anime.
Estúdio Madhouse, obrigado. Obrigado por presentear o mundo Otaku com este masterpeace. Obrigado a Yuzuru Tachikawa por criar uma obra que me fez sentir assim novamente, que a tanto tempo não me sentia.
Com qualidade técnica impecável, Death Parade traz muito mais o que promete em seu OVA. Ele te leva com seus personagens incríveis e com seu enredo singular, a um universo tenso, intenso, cheio de mistério por um lado, cheio de vida por outro, além de te levar a entrar em contato com tudo o que a vida representa.
De modo que flerta com a perfeição, Death Parede é, simplesmente, incrível.

Grande candidato a melhor anime do ano, Selo Enciclopédia Anime de qualidade (sim, eu acabei de criar isso, mas ele merece), DP entra pra minha seleta categoria de ‘meus animes preferidos’, sendo uma das melhores obras que já tive o prazer de ver e recomendar.

Obra que se atreve a te instigar, a refletir, a olhar para si, te incentivando (e aqui a mensagem) a viver sua vida completamente.

Dito isso (com um sorriso no rosto, por fim), desejo que você tenha uma boa viagem.

Tin.



















#Sensei_

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